quinta-feira, 26 de junho de 2008

"É, pode ser que a maré não vire..."



Quando eu era uma guria não gostava de usar diadema, apertava a minha cabeça. Eu não gosto de nada que me prenda, talvez por isso, não tenho medo do mar a infinidade que ele me proporciona, o esquecimento do universo, é água suficiente pra esconder todas as minhas lágrimas. Penso nas boas lembranças enquanto o sol faz carinho em minha pele, a nostalgia é tanta que nem mesmo uma linda constelação conseguiria me consolar. As notas do seu violão não são para mim, seus pensamentos vagam distante; meu Deus, como posso ainda sentir isso? Isso que me aprisiona numa persistente tristeza. Do que adianta tentar enumerar os melhores dias da minha vida, se também foram muitos os piores, ou comentar sobre tudo que faltamos descobrir um com o outro e ficará enterrado nos rumos que não tomamos. É, você, um tesouro guardado a sete chaves no oceano do meu coração.


# Sea of love - Cat Power

Eu quero amor, eu quero amar



" - É como uma máquina do tempo, fazendo a gente virar o que foi há milhares de anos atrás.
- Mas pode funcionar como máquina do amor.
- E existe lá máquina pra isso?
- Quando a gente ama uma pessoa, o que é que a gente mais quer nesse mundo?
- Ahh, é ficar bem juntinho.

- Pronto, tão juntinho, tão juntinho que como diz o poeta: transforma-se o amador na coisa amada por virtude do muito imaginar, não tenho logo mais que desejar, pois já tenho em mim a parte desejada.
- Achei mais bonito ainda essa máquina do amor.
- Pois então, fique bem quietinha e feche os olhos. Eu vou lhe mostrar como é que funciona a máquina do desejo. Eita, cadê?
- É que eu liguei a máquina da ilusão."
p.s.: Imagem e diálogo do filme "Lisbela e o prisioneiro" *-*

domingo, 22 de junho de 2008

Matando mais uma ignorância



São muitas as vezes em que a arte deriva de um sonho, o pai duma amiga já foi dormir pensando num problema matemático e acordou com a resposta, um "ex alguma coisa" que é músico já compôs muitas melodias enquanto seu cérebro estava supostamente descansando, Zé do Caixão faz seus filmes baseados nos sonhos que tem. Descobri sobre meu último exemplo ontem, a verdade é que não sei absolutamente nada sobre esse Zé, a não ser que suas unhas são enormes e pintadas de preto; mas isso não é o que me interessa, definitivamente.
Assisti, hoje, a 5 curtas japoneses que eram sonhos do próprio diretor, Akira Kurosawa, nunca procuro saber o nome do diretor do filme a que assisto, mas esse está bem na minha frente e achei seu trabalho tão fiel a realidade, acho mais do que justo mencioná-lo, claro que não sonhei a mesma coisa, mas é que os curtas em si assemelhavam-se com a figura dos sonhos, histórias lógicas e estranhas, imagens prolongadas por sua intensidade, ele teve também a preocupação de usar o mesmo ator principal em todos os curtas, ao menos eu acredito que era o mesmo ator, porque afinal não há pessoa que não seja a protagonista em seu próprio sonho. Os meus prediletos foram "O túnel" e "Corvos", no primeiro ele é um coronel que está voltando para casa da guerra, perdeu todo seu pelotão, homens fiéis e leais, todos mortos, essa tristeza o atormentará para sempre, me encantei com a maquiagem, os mortos eram azuis, todos juntos formavam uma linda fotografia. Já no segundo, ele está admirando algumas pinturas de Van Gogh, quando sem mais nem menos entra num de seus quadros e sai a procura do pintor, que havia acabado de sair do hospício segundo a própria película, eles batem um papinho e só, gostei dos efeitos especiais, dá pra ver perfeitamente a tinta na tela, ele andando por dela. Devo dizer que alguma coisa em cada um é bastante especial e o fato de não me recordar o nome de mais nenhum implica em não citá-los aqui.
Tomara que eu saia para jantar sushi!

p.s.: Imagem do curta "Corvos"

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Dou-me um crédito por ter poucas horas que assisti a "Sex and the City", filmes sempre me afetam de uma maneira ou de outra, mesmo quando são bestinhas, só pra entretenimento, adivinha o motivo de eu estar na frente do computador pensando em que sapato eu vou comprar quando tiver dinheiro suficiente, o poderosérrimo super salto fino que engana ou o laranja de camurça incrivelmente estiloso? Escondo minhas futilidades femininas.

sábado, 14 de junho de 2008

Falta do que pensar



Estranha essas fases de descobertas óbvias. Não faz 2 minutos que percebi o quanto que amo o português, essa língua que uso desde que aprendi a falar, que utilizo a todo tempo pra tudo, que consegue expressar minhas tristezas, indecisões, felicidades, angústias, meus amores, medos, desejos, desinteresses, uma língua que quase consegue decifrar minha alma. As palavras, os sons, formando diferentes melodias, as letras meticulosamente posicionadas, uma constante troca de vogais e consoantes, com pequenas variações que possuem nomes próprios dígrafos, ditongos, tritongos... Eu gosto de descobrir seus truques, admiro sua complexidade, milhares de regras e porques, os últimos e suas 4 possibilidades para obviamente variados casos.
Percebi essa adoração ao conversar com uma prima que está morando em Londres por um tempo, ela comentando que gosta de entrar na internet quando pode, já que os amigos estão aqui no Brasil, e que falar português é diferente, sua língua. Claro que eu (e ela. com certeza) gosto de inglês, é um ótimo modo de se comunicar em segredo na frente de muitas pessoas, essa cultura também faz parte do dia-a-dia e me dou bem com ela, mas cá entre nós, tem coisas que só têm o preciso significado se forem ditas em português: "Fuck you", é tão sem graça, calmo, quase que o oposto de "Vá tomar no cú, seu filho da puta" ou mesmo o usual "Vá se foder"; e também pras palavras mais artisticamente significativas: "Eu quero beijos intermináveis" - "I want endiless kisses", ou "Eu não preciso que seja caro" - "I don't need it to be expensive" as traduções para o leão dos dicionários são cafonas. Não vou mentir, quero aprender outras línguas, quem sabe mais umas 3, mas o português, vale muito mais.

p.s.: Isso não é uma "Canção do Exílio"!

# Não me deixe só - Vanessa da Mata
Como assim não fiz xixi na cama?


Desde pequena, uns 7 anos, soube que não temos apenas um sonho enquanto dormimos, são vários, ainda não descobri mais ou menos quantos, mas são vários. Se despertarmos uns 10 segundos depois que o sonho acaba, ainda conseguimos nos lembrar dele, por isso sempre temos uma idéia de como as coisas aconteceram no pesadelo, ou mesmo no sonho interrompido por um grito quaquer.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Há de se criar, por isso fiz um cheesecake


Vez por outra canso de ser tão, tão eu e invento novas maneiras de continuar me sendo, mas diferente. Bem agora ia escrever sobre um passado relacionamento, cujas feridas não cicatrizaram por completo e se juntam com boas lembranças e concepções de certo e errado. Reluto. Recuo. Vejo-me como mulher demais, criando arrodeios, enfeitando as vírgulas, repensando todas as possibilidades de significado que um olhar possui; demasiadamente enjoativo, então fujo. Ser eu é eufemismamente previsível, o que gosto, o que não gosto, o que paro de gostar, tudo milimetricamente calculado ao decorrer do tempo. Mas tudo bem, o que nunca perco nessas ligeiras transformações é o "tudo bem".


# Lamento sertanejo - Gilberto Gil
Vez por outra canso de ser tão, tão eu e invento novas maneiras de continuar me sendo, mas diferente. Bem agora ia escrever sobre um passado relacionamento, cujas feridas não cicatrizaram por completo e se juntam com boas lembranças e conceções de certo e errado. Reluto. Recuo. Vejo-me como mulher demais, criando arrodeios, enfeitando as vírgulas, repensando todas as possibilidades de significado que um olhar possui; demasiadamente enjoativo, então fujo. Ser eu é eufemismamente previsível, o que gosto, o que não gosto, o que paro de gostar, tudo milimetricamente calculado ao decorrer do tempo.