Laranjeira em flor - Homero Exposito

Era mais branda que a água
que a água branda
Era mais fresca que o rio,
laranjeira em flor
E nessa rua de estio,
rua perdida,
deixou um pedaço de vida
e se marchou

Primeiro há que saber sofrer,
depois amar, depois partir
e ao fim andar sem pensamento
Perfume de laranjeira em flor,
promessas vãs de um amor
que se escaparam no vento.

Depois, que importa do depois
Toda minha vida é o ontem
que me detém no passado
Eterna e velha juventude
que me há deixado acovardado
como um pássaro sem luz.

Que lhe haverão feito minhas mãos?
Que lhe haverão feito,
para me deixar no peito
tanta dor?
Dor de velho arvoredo
canção de esquina,
com um pedaço de vida,
laranjeira em flor.

Para flower, da sua flor de sal

Eu fico pensando em tudo o que queria viver com você - viajar de carro pra sua cidade natal, beijar os seus olhos fechados, conhecer os amigos de quem você tanto fala, abraçar a sua irmã e torcer pra nos darmos bem, morrer de frio no inverno, mas secretamente ficar feliz por saber você prefere os dias em que a temperatura cai para abaixo de 15ºC, confundir nossas camisas xadrez, tirar a sua roupa todos os fins de tarde após o trabalho, ouvir as músicas que você ficou de me mostrar, assistir os filmes que quero te apresentar, sentir a sua pele, tocar algumas notas em seu violão, te ouvir cantar, memorizar o formato dos seus dedos dos pés, dançar na sua varanda ao som do karaokê do vizinho, ir ao Paraguai pra comprar vinho e perfume, fazer juras de eternidade, mesmo sabendo que tudo logo, logo irá acabar, segurar a sua mão, poder te telefonar, olhar suas fotografias antigas, te sentir em mim, descobrir as suas dores, entender os seus medos, respeitar o seu espaço, te abraçar, prestar atenção nas suas histórias, pedir pra você cortar o cabelo no estilo década de 40, sublimar com seu sorriso, te enviar as poesias que me fazem pensar em você, reconhecer o seu cheiro, fazer cafuné, experimentar as cervejas especiais que você tem em casa, mesmo sabendo que não vou gostar, jogar video game, passear domingo na praça, sonhar em ir embora, desejando ficar um pouquinho mais - e não vou.

Todas as guerras estão 
infectadas pela
expectativa do amor

Valter Hugo Mãe