sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Passarinho arisco

Não sei dizer se você é dois pontos, um conto de Borges ou um livro de Hemingway, te sinto como notas de um violão tranquilo, bonito de se tocar. Seria um agrado se minhas entrelinhas lhe fossem claras e, então, andássemos de mãos dadas. Podia ser do tempo parar no pôr-do-sol, ao seu lado eu iria sorrir...

domingo, 20 de novembro de 2011

Meu querido,

Não há mais as desculpas e seus abraços, não há mais olhos em desespero, eu me vou vazia de paixão. De repente, tenho pés, calejados, meus, que andam. Meus pés, ainda que calejados, andam em direção a mim, na descoberta singela de me ser. Com uma aprendizagem e alguns prazeres, adeus.

domingo, 9 de outubro de 2011

Ouvindo Mallu

Se bem que da verdade, chego a me esconder. De gatinho que não conheço, tenho medo
...
Vai saber, sou passarinho.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Acho engraçado que minha válvula de escape contra a falta de tempo é justamente agir como se tivesse tempo de sobra

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

À flor da pele

"Deus vive dentro de você como você mesmo, exatamente da maneira que você é". Há alguns meses, não sei dizer porquê danço. E foi apenas nesse período de tempo que procurei por uma explicação, antes disso não existia necessidade de respostas, existia apenas o dançar. Na noite de hoje, em meio a mais um devaneio, entendi. Algumas pessoas conhecem Deus com a yoga, outras com a meditação, sei bem das que o conhecem através da música, o Deus que existe dentro de mim, este Deus que sou eu dança. Já não cabe a mim uma crença cega, eu quero consciência de movimento e respiração, quero confusão entre alma e arte, quero me sentir leve e quero amar cada parte ínfima de meu corpo que diz "não", aceitar-me enfim. Não tenho a intenção de levar minha dança a lugar diferente de mim mesma, eu danço manca, doente, amputada, meus passos têm pretensão única de esvaziar o caos interior, não desfilo meu Deus ao léu, tenho precisão de Deus no meu íntimo.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Sobre divagar

Ainda me é comum pensar em você ao ouvir uma música qualquer ou quando o dia fica gelado, é tão natural para meu corpo querer você por perto. Faz poucas horas, entrei num táxi saindo do trabalho, minha mente pairava em seus carinhos e no cuidado que você tinha em escutar meus sonhos e medos, você é tão único em minhas lembranças, como uma estrela cadente. Sim, a minha estrela cadente - você era a quem eu procurava em minha janela, você foi quem brilhou forte em meu coração, e o seu rastro é o que me dá esperança para o amor... Por quê?

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Segredo de cabeceira

Sozinha, me perco em você. Divagando sobre boas lembranças, esperando você reaparecer para beijar meu pescoço e sussurrar em meu ouvido "Fique comigo, fique comigo, princesa". Finjo que minhas mãos tocam sua pele, compartilhamos nossas alma, como sempre fizemos...


sexta-feira, 17 de junho de 2011

Quase fotografado

"Eu quero ser uma boa mulher, e eu quero que você seja um bom homem. E é por isso que eu estou partindo, e é por isso que não posso mais te ver." Você machucou cada pedacinho de minha alma, suas duras palavras me arrancaram a dignidade e o respeito, eu aceitei sua tristeza como minha, e ela destruiu a minha fé. "Eu sentirei saudades do seu coração tão carinhoso, eu amarei esse amor para sempre. E é por isso que eu estou partindo, e é por isso que não posso mais te ver." Eu torturei seus pensamentos com tanta maldade e não consegui aceitar seus obscuros pesadelos. Eu traí sua confiança por brincadeira e destratei sua vontade de morrer. "Eu não quero ser uma mulher ruim, e eu não posso suportar te ver sendo um homem ruim. E é por isso que eu estou mentindo quando digo que não te amo mais." Porque sim, eu te amo, mas. Você me deixou sozinha num vasto mundo de culpa por 3 eternidades, você destroçou o que me havia de mais nobre. Você quebrou o que há muito estava fragilizado. "Eu sentirei saudades do seu coração tão carinhoso, eu amarei esse amor para sempre. E é por isso que eu estou partindo, e é por isso que não posso mais te ver." Eu recolhi minha mão quando você beirou o precipício, e neguei ao mundo seu desespero em lágrimas. Eu disparei amarguras que seu coração jamais perdoará. "Porque eu quero ser uma boa mulher, e eu quero que você seja um bom homem. E é por isso que eu estou indo embora, e é por isso que não posso mais te ver." Você gritou ódio para mim e eu silenciei minha inocência. Eu cometi erros que eram mil agulhas em seu corpo. Eu me perdi de você, você se perdeu de mim. "E é por isso que eu estou mentindo quando digo que não te amo mais." Mas. Eu realmente quero ser uma boa mulher, e eu realmente quero que você seja um bom homem.


# Cat Power - Good woman

domingo, 12 de junho de 2011

Drummond

Conselho na praia

Vamos, não chores
A infância está perdida
A mocidade está perdida
Mas a vida não se perdeu

O primeiro amor passou
O segundo amor passou
O terceiro amor passou
Mas o coração continua

Perdeste o melhor amigo
Não tentaste qualquer viagem
Não possuis carro, navio, terra
Mas tens um cão

Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam
nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humor?

A injustiça não se resolve
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido
mas virão outros

Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas água
Estás nu nas areias, no vento...
Dorme, meu filho.

sábado, 4 de junho de 2011

Conto de Marisa


Era uma vez, na esquina logo ao lado, uma princesa bonita como todas as princesas devem ser. Ela morava num castelo diferente, que não era muito grande e não havia torres ou laguinho, mas a rainha vivia a enfeitá-lo com muitas flores. Num dia de céu azul claro, quando o relógio apontava um sol carinhoso, a princesa resolveu passear, e uma surpresa lhe aconteceu: ela encontrou a tal pedra no caminho, bem que Drumond a avisara. Na volta, um pouco despercebida por causa de cachorros latindo, a princesa tropeçou na tal pedra e caiu. Por sorte, um príncipe estava sentado no banquinho da praça e logo correu para ajudar a princesa, com sua voz gentil, ele disse "Foi apenas um susto, um pouco de gelo mandará esses arranhões para longe de seu joelho". O príncipe era bonito como todos os príncipes devem ser, ele também morava num castelo diferente, no bairro vizinho, não tinha fadas ou calabouço, mas todos os passarinhos adoravam cantar por ali. A princesa como era muito educada resolveu oferecer um lanchinho de agradecimento ao príncipe, depois de sorrisos numa conversa agradável, um bolo de chocolate e suco de maracujá, eles se apaixonaram. Alguns carinhos e abraços depois, a princesa percebeu que o príncipe vivia a se entristecer. A verdade é que ele tinha um sonho: morar em Pasárgada. E, bem, esqueceram de avisar ao príncipe que esse é daqueles sonhos impossíveis de serem realizados, pois Pasárgada existe apenas na imaginação e no poema. A cada lua que nascia, a princesa e o príncipe percebiam que faziam muito mal um ao outro porque eram muitas as pedras nos vários caminhos que a princesa escolhia, e por mais que ela sempre se esforçasse para não cair... cada vez mais, ela caía. E porque, mesmo o príncipe tentando estar sempre atento para poder ajudar a princesa, cada vez mais ele se fechava dentro de seus pensamentos e sonhos com Pasárgada. Apesar de se amarem, os beijinhos da princesa e do príncipe se transformaram em lágrimas, foi quando eles resolveram acabar o namoro. A vida continuou para cada um, com suas pedras e sonhos impossíveis. E eles viveram cheios de sentimentos.

Fim.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Passado nós dois...




Por certo que sua dualidade de sentimentos é de lhe causar dor das mais excruciantes, bem vejo em seu olhar a amargura do amor desgraçado que vivemos, e em nada me acalenta o desespero de teus passos que buscam a falta de futuro. Sobre tuas vontades, pouco - ou quase nada - entendo, e que não me perguntem se cheguei a aceitar-te por inteiro algum dia, a verdade é que nunca estive pronta para viver em extremos. E sei das palavras duras que disparei contra seu peito numa voz doce e do erro crucial que resultou em completo desencanto, males que perduram por meses a fio. Mas se abristes tua alma disposto não só a me ameaçar com as lamúrias que carrega, mas também a enxergar que confino tuas lágrimas em meu coração, e elas me corroem feito veneno, então perceberias o que me é tão claro: de nós dois, resta apenas tristeza e sonhos com máquina do tempo, e isso de nada adianta para uma bonita história de namorados.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Coração não é tão simples quanto pensa
nele cabe o que não cabe na despensa,
cabe o meu amor

domingo, 15 de maio de 2011

Sorte versus azar

Quase que de repente me vejo como um alvo perfeito para dardos que injetam medo, o mais novo tiro certeiro é o medo da sempre tão estimada solidão. Acho que coisas ruins estão acontecendo e eu sou inerte em meio a bagunça de minha cabeça, claro que as pessoas queridas ao meu redor acham tudo de simplicidade tamanha que me sinto ridícula, claro também que isso não ajuda em nada. O estranho é que essas mesmas pessoas, não demora muito, vão embora, e nem mesmo a ilusão das promessas feitas me restará. De resto, serei só eu, sem ter a mínima idéia de como enfrentar todos os dardos que me machucam há tempos e as dores que ainda virão. Por ironia, me vem o ímpeto de enclausuramento, mas me conheço o suficiente pra saber que esses tijolinhos de agora, que construo ao meu redor são fracos demais, e no menor sinal de ajuda alheia eles, como as promessas, irão se quebrar. É apenas tristeza, relevo todos os outros pensamentos inquietantes.

sábado, 16 de abril de 2011

Minha eterna ternura



Hoje, tal como ontem e esses dias que se passaram, senti saudades suas. Repassei lembranças bonitas e criei o costume de ler as doces mensagens que você me escrevia. Não me sai da cabeça aquela manhã em que eu vi o amor. O céu estava melancólico, flutuando em meio ao cinza claro, o ar parecia chuva cantando, o sol fraquinho criava cores de cinema antigo, e a imensidão do mar, da areia, do vôo dos pássaros se confundia com o que sentíamos de bonito um pelo outro. A minha boca, minha pele, minha alma, tudo em mim era você. Lembro das lágrimas em meu rosto e dos arranhões em seus ombros, tão palpáveis quanto a leveza que vivemos ali, viramos poesia naquele momento, meu bem. Levo em mim, os segredos de amante que você nunca me disse, as carícias eternas em todo meu corpo, a gentileza de seus olhos, as tardes em que deitamos entrelaçados, a sutileza de seus agrados, e a certeza de que meu coração jamais te esquecerá.

terça-feira, 29 de março de 2011

Numa terça-feira

Tá difícil. Acordar, respirar, mover os pés, prestar atenção nas coisas, nas outras pessoas. Tá difícil ter você por perto, tá difícil não te ter de modo algum. Tá difícil não chorar, difícil me segurar. Você me fez um poema bonito de dor, tá difícil.

sábado, 12 de março de 2011

Não apenas conflitos existenciais

Cada vez mais, tenho pensado em minhas escolhas. Você se sente assim? Parece-me que vivo num intenso paradoxo, a angústia maior é a de nunca me decifrar. A pessoa que eu era, que eu pensei ser, teria dado os passos corretos, não? Eu me recordo de alguém romântica, alguém sem muitos sonhos, mas num constante estado de sonhar. Eu não era assim? Eu me perdi ou eu nunca fui? Você se sente assim? A movimentação dos planetas me cansa, quem sabe se eu conseguisse passagem para outra galáxia. E o medo de viver está em mim ou em todas essas coisas que me cercam? Quem sou eu, que coisas são essas? É preciso, vida na tristeza, vida depois dessa e vida depois da mesma. Mas antes, eu sorria. Você se sente assim? Estagnada na pessoa que você pensa não ser. E agora, sou eu ou outra? Mas se sinto que esta inconstância não só me possui como também eu a possuo, então estou me enganando repetidamente por imaginar não ser quem sou. Ou sou várias? Sempre me achei tão uma, me prefiro uma só. Uma sozinha.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

La vie...



Bem mais que o tempo que nós perdemos, ficou pra trás também o que nos juntou. Ainda lembro que eu estava lendo só pra saber o que você achou dos versos que eu fiz e ainda espero resposta. Desfaz o vento o que há por dentro desse lugar que ninguém mais pisou. Você está vendo o que está acontecendo, nesse caderno sei que ainda estão os versos seus, tão meus que peço, nos versos meus tão seus que esperem que os aceite em paz. Eu digo que eu sou o antigo do que vai adiante. Sem mais, eu fico onde estou prefiro continuar distante.